" O (António José) Seguro é como um saguim: uma pessoa puxa-lhe o rabo e ele agarra-se a todos os ramos que conseguir!"
a_secretária
Melhor análise política ouvida até hoje
Gosto da maneira como sorris quando entro na tua sala, um sorriso terno e afável, capaz de acolher o rio tumultuoso que há em mim. A forma como retiras suavemente os dedos do teclado e te recostas para me ouvires, a atenção que dás a cada ênfase meu (ainda me estás a ouvir?), o suspiro longo de pausa no trabalho, esse mar de tranquilidade que transborda, quase se torna ofensivo de tão perfeito.
Gosto de quando troças das minhas manias, dos meus jeitos por vezes rudes, da maneira como trincas o lábio enquanto debito saldos bancários e olhas para a gaivota que de súbito raza a paisagem, tão perto de nós, quase a agoirar, a adivinhar tempestade.
Gosto que partilhes comigo pequenos segredos, coisas só tuas, coisas do íntimo, viagens por aí e dentro de ti.
Gosto quando perguntas como estou e ficas à espera de resposta
Finalmente
Acaba por chegar o pedido de desculpas. Sempre lacónico, sempre em inglês, sempre com reticências solitárias.
Aceito, claro. E lanço o peito de novo à espada.
Queres saber porque dói?
Dói porque és parvo, insensato, ficas arrogante e estúpido. Dói porque é sem razão, sem motivo senão a tua má disposição. Dói porque me tratas abaixo de cão e a seguir acenas com o osso. Dói porque nunca pedes desculpa, nunca admites o teu erro nem a insensatez com que o cometes. Dói porque és tu e tu és maior do que eu. Dói porque vamos continuar a precisar um do outro e eu nunca sei quando terás outro surto de loucura desarrazoada. Dói porque vais continuar a fazê-lo como tens feito até aqui e vai continuar a doer-me.
amaldiçoado o dia
que nem conseguimos que as ouçam. As coisas
simples murmuram-se; um murmúrio
tão baixo que não chega aos ouvidos de ninguém.
As coisas simples escorrem pela prateleira
da loja; tão ao de leve que ninguém
as compra. As coisas simples flutuam com
o vento; tão alto, que não se vêm.
São assim as coisas simples: tão simples
como o sol que bate nos teus olhos, para
que os feches, e as coisas simples passem
como sombra sobre as tuas pálpebras.
Nuno Júdice
2014 nada de novo
O chefe a tentar por-me a mão no lombo e eu a tentar fugir. Tudo normal, portanto.
Low self esteem
Porque sem Theia não existiria a Lua
Nem uma raiva
s.t.
Quando o chefe vem mal disposto
Abomino a malta que atende o telefone a cantarolar
peekaboo
Não entendo este paradigma. Se elas olhassem bem para os homens delas com olhos de ver, chegariam à conclusão que afinal eu sou uma tipa anódina.
como proteger património - I
Não sei gostar menos
um novo colaborador-opinião da chefia
(pausa)
Tem um senão: existe ali um grau de loucura que não consegui precisar se extravasa os limites do saudável ou não...
quando ele chega numa de implicar (mas em modo bem-disposto)
Fernando Pessoa reinventado
Ai que prazer
Cumprir um dever
Ter quinhentos mil euros à mão para foder
E não o fazer!
Fazer contas é maçada
Pagar é nada
O sol doira sem dinheiro
O rio corre bem ou mal
Sem caução cardinal
E o chefe, esse, de tão naturalmente marginal,
Como tem dinheiro, não tem pressa.
Números são caracteres pintados com tinta
Contabilidade é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre números e porra nenhuma.
Quanto melhor é quando há numerário
Esperar pelo carteiro,
Quer venha ou não!
Grande é a taxa de juro, as notas e as fianças...
Mas o melhor do mundo são as cobranças,
Transferência, cheques, depósitos, e o banco que peca
Só quando, em vez de facilitar, disseca.
E mais do que isto
É o Vitor Gaspar,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse estaleca...
by me
ele topa-me à distância
Quando a conversa começa na sombra dos olhos ou na cor do vestuário, já sei que vai descambar para o âmbito pessoal de seguida e levanto as guardas, porque já sei que a seguir aos elogios físicos, ele vai soltar qualquer coisa como:
- que se passa consigo? há passarinho novo no quintal? (risos dele, quase gargalhadas. embaraço meu, quase dissimulado).
e depois vai logo avisando que "temos de falar sobre isso, porque isso não é assim, sabe? temos mesmo de falar sobre isso", como se fosse meu pai, como se fosse meu irmão, como se fosse meu deus, quando afinal é só o chefe.
that was never a comedy for me
Tocou-me fundo a entrevista abaixo do Dustin Hoffman (vénia). Já a revi várias vezes, principalmente porque é irresistível o momento em que a postura séria perde para as lágrimas e é inegável que ver um homem destes chorar assim leva-nos a crer que o mundo ainda não está (completamente) perdido.
Em 1982, Dustin Hoffman interpretou o papel de mulher, no filme Tootsie. O trailer é muito mauzinho, mas dá para entender a história.
Era suposto ser uma comédia, mas para este homem, nunca foi uma comédia.
E é isto, a lavagem cerebral a que somos expostos todos os dias, o ver mais além do físico, a importância da beleza, o conceito de beleza e as prioridades todas trocadas.
Bateu fundo no Dustin e bateu fundo em mim.
é um ritual que temos
I'm unclean, a libertine
And every time you vent your spleen,
I seem to lose the power of speech,
You're slipping slowly from my reach.
You grow me like an evergreen,
You've never seen the lonely me at all
sabe-nos bem estes pequenos rituais.
e de repente, quando achavas que o teu verão ía ser bom, acontece
Dêem-me ideias para me desmarcar, sff.
(a qualidade da imagem do convite é tão má que tive de fazer um esforço para ver a data)
morrer na praia *definição#
Ao fim de uma semana
Com este calor bom, uma pessoa senta-se na brisa do vento quente, bebe uns martinis enquanto fuma uns cigarros e, por momentos, a crise não existe. Juro que a crise não existe. nem fome no mundo, nem guerras, nem gente parva por todo o lado, nem incêndios nem náufragos nem políticos nem nada. Não existe nada de mau. Só este vento quente a bater-nos no corpo quase nu quase nada quase não-corpo. Só este calor que me leva às memórias do teu corpo quente fundindo no meu escaldante, quase nada, quase não-corpos. Quase instinto quase faro quase quase
entretanto chegas àquela idade
Para os açorianos "porra tonta" serve bem!
uma chapadinha na trombinha, não?
-Quero um cafezinho e um pastelinho de nata, sff!
Sad but true
às vezes as pessoas desaparecem sem sequer se despedirem
adoro este júdice
ou o mais evidente dos sorrisos,
não se encontra no curso previsível da vida.
Porém, se nos distraímos do calendário,
ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras.
Nada do que se espera transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar;
ou a mão que se demora no teu ombro,
forçando uma aproximação dos lábios.
in "As Coisas mais Simples", Nuno Júdice
de pegar no agrafador e espetar-lhe nos queixos*
wtf?? mas uma pessoa já não pode sorrir?
*aquele agrafador grande, da resma de folhas!
má língua
“I’m like King Midas in reverse. Everything I touch turns to shit.” *
As pessoas
Enigma (Amalia Bautista)
disseste que era estranho o teu trabalho.
Nada mais. Contudo eu bem sentia
que a minha pele se rasgava feita trapos
sempre que as tuas mãos por mim roçavam,
e que os teus olhos eram como aços
que faziam ficar os meus doendo.
Daí para a frente sempre foi o mesmo:
orgulhavas-te com a tua arte,
mais subtil e directo cada dia,
e eu não compreendia nunca nada.
Agora sei. Conheço o teu ofício:
Atirador de facas. Atiraste
contra o meu coração a mais certeira.
homens parvos
é que toda a gente sabe o que vai lá dentro, percebes?
ainda por cima, deixa-me que te diga, a tua recém namorada é, como dizer, gorda, pronto. não sabia que a La Perla tinha tamanhos XXL.
ah, se calhar só compraste um perfume, deve ter sido isso, sim. também não te via a escolher nada melhor, de facto.
e também não via a tua recém namorada (gorda, já disse?) nestes preparos, claro!
esconde o saco, homem.
há dias em que não queres ser nada
um dia hei-de conseguir expressar-me
tu sabes que a amizade é verdadeira
São 2 e meia da manhã
E o meu vizinho pianista ainda está a tocar piano.
Aquilo que no início de estar nesta casa tinha tanta piada (ah e que engraçado um pianista com o piano mesmo por cima do meu quarto e um prédio com uma acústica tão boa que ouço tudo) transforma-se lentamente num pesadelo, sobretudo porque a esta hora ele já deve estar cansado e quando se engana irrita-se e estrabucha no piano como se quisesse que as teclas saltassem para o caralho mais velho enquanto a audiência (eu) tenta dormir.
Eu sei que há tampões para os ouvidos, mas não consigo dormir com coisas entaladas, que querem.
É isto, ficar aqui à espera que as notas lhe calhem bem, ok..Como fazemos nos concertos, enfim. Se correr bem ainda desato aqui em baixo a bater palmas!
Sinto-me mais ou menos como um bombista suicida
Sei que vai doer, que me posso estropiar toda, ficar em mil bocadinhos, mas a causa é mais forte que tudo, a causa vale pela vida, porque não havendo causa a própria vida não tem qualquer interesse.
Para além disso, a minha recompensa pode ser bem mais carnal e palpável que 70 virgens no paraíso.
Fuck it, i'm going to blow!
sabes que alguma coisa correu mal (ou bem)
Ainda outra
-Pobre de quem as ouve, aliviado fica quem as diz!
Uma frase que me passa tantas tantas vezes pela cabeça
-Gostos não se discutem, lamentam-se!
(eu e o meu mau feitio a passearem pela feira do livro)