ele topa-me à distância

Não há um olhar, um sorriso, um gesto meu que lhe caia em saco-roto. Sinto-me constantemente a ser avaliada, medida, pesada, fitada. Julgada.

Quando a conversa começa na sombra dos olhos ou na cor do vestuário, já sei que vai descambar para o âmbito pessoal de seguida e levanto as guardas, porque já sei que a seguir aos elogios físicos, ele vai soltar qualquer coisa como:

- que se passa consigo? há passarinho novo no quintal? (risos dele, quase gargalhadas. embaraço meu, quase dissimulado).

e depois vai logo avisando que "temos de falar sobre isso, porque isso não é assim, sabe? temos mesmo de falar sobre isso", como se fosse meu pai, como se fosse meu irmão, como se fosse meu deus, quando afinal é só o chefe.

Sem comentários: