Um dia estão lá no gabinete a trabalhar a uma sexta-feira à tarde e quando regressamos do fim-de-semana já não estão.
Gabinete vazio, estantes vazias, um grande vácuo de nada; a tapeçaria polidamente enrolada, o caixote do lixo e um chapéu de chuva deixados num canto laconicamente sós. Nem um post-it a dizer "adeus"!
Eu aceito que as pessoas não gostem de se despedir, não é uma coisa fácil; mas é o mais correcto, sobretudo quando ninguém fez mal às pessoas.
Depois as pessoas telefonam na segunda-feira à tarde e dizem que receberam uma proposta muito boa no final da semana passada e que aproveitaram o fim-de-semana (ou terá sido fim do mês, já não me lembro) para fazerem a mudança. Geram muitas desculpas e aproveitam para tecerem os rasgados elogios que não tiveram tomates para fazer ao vivo e a cores, como devia ser, antes da despedida que também não foi feita.
Eu sempre disse que no aperto de mão, a dele parecia um peixe morto. eu disse, eu avisei. Quando toda a gente o elogiava, eu introduzia o "mas" do aperto de mão. Os apertos de mão nunca me enganaram!
Não sei agora o que está mais vazio, se o gabinete levianamente abandonado se a minha crença nas pessoas.
Pelo sim pelo não, estou perfeitamente habilitada para o próximo abandono sem justificação antecipada.
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