No meio de uma conversa em que mais uma vez ela se lamuriava da vida, da profissão que desgostava, do tipo que a andava a foder há meses mas que tinha namorada, dos pais intolerantes, da sua hipocondria crónica nas múltiplas variantes (se não é do cu, é das calças), do ex-namorado que andava a comer uma tia de Cascais, ela solta em forma de suspiro:
- Sabes, acho que vou comprar um descapotável! (silêncio) Já que não tenho os filhos que queria nem marido e estou a ficar seca por dentro, sei lá, gostava de ter um descapotável para o Verão!
E eu fiquei calada, um sorriso que ela percebeu, um sorriso como o da mona lisa.
E ela encolheu os ombros e esboçou o trejeito que dizia "sei o que pensas sobre isso".
E eu não precisei de dizer nada.
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