Gosto quando a memória me atraiçoa

e me devolve flashs de momentos antepassados que me deixam mais emocionada que embaraçada.

Eu tinha 16 anos quando comecei a fumar e recordei em flash o momento em que aprendi a fazer círculos de fumo com o travo do cigarro. Quase desloquei o maxilar à conta da brincadeira, mas serviu-me como desculpa para não te beijar naquele dia, naquele parque. Porque eu até te queria beijar, acredita, mas a Sónia estava caída de amores por ti enquanto eu só te achava bonito.

Resisti-te agarrada aos círculos de fumo para que não me beijasses, embora me apetecesse. Bastou-me a tua declaração naquele momento e recusei o beijo, falsamente concentrada nos círculos de fumo que saiam desajeitados e que eu tentava aperfeiçoar.

Falei-te na Sónia, que fosses ter com ela, eu estava demasiado ocupada a concentrar-me na minha nova brincadeira. Mal sabias tu que eu tinha encontrado um novo brinquedo e não eram os estúpidos círculos de fumo que, apercebi-me mais tarde, só me faziam uma cara feia de boca de broche desenxabida.