Quando sinto que não largo lágrimas há muito tempo (dias?meses?) sento-me no sofá e ponho um daqueles programas que nem é preciso chegar ao fim para deitar uns belos pares de lágrimas (algumas nem chegam a tocar o rosto, por saírem logo tão grandes, disparadas por aí abaixo). Digamos que é um processo catártico, de limpeza dos ductos lacrimais.

Ontem parei ali naquele programa em que a malta reconstrói uma casa a uma família que tenha uma história comovente (e, obviamente, dificuldades financeiras). Desta feita, a mãe tinha perdido um filho de 16 anos atropelado à frente de casa, tendo ficado com duas garotas menores. Este filho tinha-se inscrito para ser dador de órgãos e 4 deles foram aproveitados para salvar 4 outras vidas. 

Neste programa a mãe e as garotas conhecem a miúda que recebeu o coração do filho e esta merda tocou-me tão fundo, caramba, porque é impossível acharmos que estas merdas só acontecem com os outros. Há coisas que são filmes e há outras que são bem reais e não conseguimos observá-las sem nos posicionarmos no lugar das pessoas, das situações.

Bom, o que eu sei é que nem cheguei a ver a casa totalmente reconstruída, já não aguentava tanta emoção.

E fico feliz por a legislação portuguesa assentar no conceito de doação presumida e sermos todos dadores à partida.

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