Íman

Não consigo (por mais que me esforce) manter-me afastada de ti durante muito tempo. E já aguentámos dias, meses, anos, intervalos de poucos dias que pareceram tão penosos e quase meia dúzia de anos que foram tão rápidos que (quase) nem pensei em ti.

Às vezes penso que é cármico, mas o meu sangue é tão céptico que automaticamente transmite a informação de que provavelmente tudo se resumia a química sexual, elevada ao expoente do mais primitivo e animal que tínhamos dentro de nós e que queríamos exorcizar.

Já nos conhecemos há muitos anos. Por vezes tenho a sensação que nos conhecemos desde há muitos séculos (mas só quando o fundo dos meus olhos atinge o fundo dos teus)

e sinto sempre pena de nós, pendurados por uma única circunstância danosa que agora, passados todos estes anos, até parece insignificante, mas nenhum de nós consegue remover a sombra do que aconteceu e ainda não existem borrachas que apaguem um só gesto secundesimal resultante uma opção imatura, imoral e, sobretudo, inconsequente. É isso, sobretudo inconsequente.

Tenho pena de nós, mas mais ainda (por mim) por não ter vontade de resistir-te.

Sem comentários: